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Crônica: O poder que ela tem.

10 de fevereiro de 2015

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Quando ela me olha nos olhos, parece sugar todos os meus pensamentos pra ela. Você já viu coisa assim? Você também tem dessa coisa de olhar pra alguém e listar todas as coisas boas que ela tem?
Arqueia a sobrancelha bem feita, e sorri um sorriso debochado, com a boca pintada de vermelho, que me deixa meio sem rumo. Ela não sabe o que estou pensando, mas ela age como se soubesse que estou pensando na goleada que meu time tomou, só pra disfarçar que no fundo no fundo, eu tô mesmo é pensando nela. Porque não tem como não pensar. Eu nunca me senti assim, e quando eu vejo sua tatuagem na nuca, quando ela faz um super coque com o cabelo, percebo que sentir isso, foi o que eu, na verdade sempre quis.
Ela não é boa cantora, eu sei e meus vizinhos têm certeza. Certa vez tive que pedir desculpas quando em um de seus banhos na madrugada, ela cantou Beatles como se estivesse em um concerto no Madison Square Garden, e acordou meio prédio. Mas se ela não é boa cantora, atriz ou cozinheira. Como explicar a sua alma de artista? E por mais que tenha medidas de passarela, não ia dar certo. Quando calça salto, fica desengonçada e quase cai. Mas ela brilha mesmo de coturno, de rasteira dourada, de chinelo havaianas preto 36. De lápis de olho, saia rodada, camiseta branca e coque no cabelo então, é a minha versão preferida.
E tem tardes que ela olha pro nada e fica ali por tanto tempo, que desisti de contar, porque quando me dou conta, já é noite e eu também passei tanto tempo que nem sei, olhando pra ela, e cheguei a conclusão que ela é minha paisagem preferida. Eu queria poder ler os seus pensamentos como ela faz comigo, ou pelo menos fingir tão bem quanto ela.
É demasiada sonhadora, faz planos que nunca cumpre, mas é feliz assim. Já tentou musculação, pilates, natação, jumping e dança do ventre. Mas gosta mesmo é de correr descalça no parque ás seis da manhã de qualquer dia que lhe der vontade.
Eu nunca vou conseguir entender o espírito livre que ela tem, e pior, nunca vou conseguir ter igual. Porque ela enxerga coisa boa onde não tem. E eu, pessimista nato, só consigo admirar.
Ela gosta de coisa que ninguém gosta, é fã de vôlei, bebe chá preto, e prefere andar sem rumo a ficar em casa em um dia frio. Não gosta de drinks elaborados, porque só bebe cerveja. E quando ela me olha de rabo de olho, enquanto bebe a cerveja de garrafa verde, eu percebo que eu estou há horas listando mentalmente suas estranhezas que eu tanto gosto. E tentando desvendar o poder que ela tem.
– Você gosta mesmo de mim. Né? – A afirmação quase passa despercebida por pergunta. Mas ela sabe. Pronto. Ela tem mesmo super poderes, e eu só tenho aqui comigo sérios sintomas, sintomas de amor.

E ela sabe.

Thai.