Browsing Tag

crônica

Crônicas

Crônica: (Fica) Proibido ir embora.

3 de junho de 2015

crônicaSeria muito fácil pra mim, dizer a essa altura da vida, que tudo que passei me serviu de aprendizado. No entanto, os dias em que vivi dentro do quarto, vestindo pijama por dias seguidos, sem ao menos pentear o cabelo ou comer direito, apenas gastando horas e horas olhando pra parede pintada, pensando em você, não me pareceram nada convenientes. Hoje, é engraçado pensar que até mesmo um dia de sol, que você que me conhece sabe como dias assim me fazem feliz, não tinham o mínimo sentido. A gente é mesmo muito besta quando a gente sofre, a cama que hoje é confortável, já se passou pelo fundo do poço. As músicas preferidas viraram martírio e o espelho era o pior inimigo.
Dias inteiros passam, vinte e quatro horas parecem quarenta e oito, mas dentro da gente não muda absolutamente nada de uma semana pra outra. Como pode uma pessoa que antes dava vida aos dias, sair de mansinho levando toda a graça de viver? Por que as pessoas sentem essa necessidade de ir embora, mesmo que ir seja tão profundo e doloroso?
Devia existir uma lei, ou pelo menos um acordo selado por um beijo ou um abraço sincero. A partir de hoje, fica proibido ir embora. Ou, sendo menos radical, pelo menos ir embora levando parte da gente. Tudo bem se o meu jeito de viver não condiz mais com o seu, entendo se todos os meus devaneios sobre literatura e cinema te parecem hoje sem sentido. Se eu não sou uma pessoa antenada com a moda, se eu não gosto tanto assim de maquiagem… Se você quer de hoje em diante uma boca com batom pra beijar. Direito seu querer gostar de outras coisas, em outras pessoas. Mas então vamos combinar assim: leva meus livros, meus CDs antigos, leva as minhas fotografias preferidas, leva os cartões amorosos que um dia você me deu, todas as coisas que o dinheiro compra, fica permitido levar. Mas por favor, não leva minha sanidade, não leva embora a minha lucidez. A pessoa que me tornei depois de você, precisou daquele pedaço de coração que você levou embora. Fez falta durante meses, e deu um trabalho danado pra reconstruir aquela confiança que você me roubou sem que eu percebesse. O amor que te dei de bom agrado, você não levou. Me pergunto o sentido disso. Acho que graça está em levar coisas que tiram o nosso equilíbrio e vontade de seguir em frente.

Pois é, seria muito fácil pra mim, hoje, dizer que aprendi. Mas eu não fui capaz de aprender, e acho que nunca serei. Porque as pessoas continuam indo embora, ignorando o amor que dou de bom coração e roubando a minha paz que a tempos não tenho mais.

Thai.

Crônicas

Crônica: Príncipes não existem.

8 de abril de 2015

coroas

Não é fácil. Encontrar alguém que complete a gente não é nada fácil. E a procura é frustrante, em meio a tanta gente que simplesmente não está na mesma fase da vida e só quer curtir. Coloca-se uma grande porcentagem de esperança, e quando percebia estava caindo novamente do precipício que se chama “estar sozinha”. A vida tem dessas coisas, cria-se uma expectativa muito grande acerca de príncipes bonitos e educados, que abrem portas e puxam cadeiras. Mas por algum motivo nunca tinha visto coisa igual. Pensei então se príncipes viviam em uma cidade só deles. Estado ou quem sabe planeta. Até que uma amiga encontrou o príncipe dela, a vizinha vai casar em breve e a prima está apaixonadíssima. Não estava dentro do meu gosto pessoal, e então finalmente entende-se que varia de pessoa pra pessoa. Aumenta o grau de dificuldade… E o tempo passa, e a gente se pergunta por que a vida é assim.
No entanto, quando eu te encontrei, a fantasia de que eu precisava de um príncipe pra ser feliz, desmoronou. E eu nunca tinha ficado tão feliz ao ver algo ser destruído com tanta força. Afinal, eu estava diante de um homem, e não de um príncipe idealizado e irreal. É claro que você tinha o sorriso, a educação e a gentileza de um membro da realeza. Mas tinha vindo mesmo era do interior, e com sotaque carregado, fazia com que suas palavras soassem como música. A diferença é que você tinha defeitos, e isso era reconfortante, porque assim, eu não seria a única parte “estragada” da relação. Com você eu não precisava me esforçar pra ser princesa, eu poderia ser eu mesma. Sem maquiagem, descabelada, falando palavrão e sendo muito egoísta certas vezes. Não demorou pra perceber que mesmo que você fosse um ser humano normal, você conseguia ser mais nobre que muita gente. E assim, tentava me ensinar coisas que eu deveria mesmo aprender. Mas você me conhece… Eu sou mesmo a parte “estragada” da relação, dos meus defeitos eu já perdi as contas. Mas de alguma forma você ainda insiste em fazer com que eu me sinta única e especial, muito mais com gestos do que com palavras, admito. Porque quem se expressa melhor com palavras sou eu, admitimos.
A verdade da vida é que não existe príncipes e princesas, mesmo que ás vezes a gente se sinta como tal. E a verdade absoluta, é que a gente não precisa dessa fantasia pra viver. É certo de que existe encanto no dia a dia, magia no simples cotidiano, surpresas no meio de uma semana. E isso eu descobri quando senti o peso do seu corpo sobre o meu pela primeira vez, porque você tinha caído no sono no meio do filme que eu escolhi na tv, e mesmo assim eu não consegui ficar brava, porque te ver dormindo, sereno, nos meus braços, era o que eu mais queria ver. E desde então, pequenos detalhes constroem um castelo de lindas lembranças. Três anos são tudo o que eu tenho de mais especial, mas o paradoxo é que três anos não são nada perto do que está por vir.
Príncipe ou não, sem coroa, trono ou cavalo branco. Você é a minha escolha mais encantadora. Porque definitivamente príncipes não existem, mas com você eu aprendi que existe coisa muito melhor. Eu te amo.

Thai.

Crônicas

Crônica: Carta pra você.

22 de março de 2015

cartasEu não sei descrever o sentimento que tenho ao escrever uma carta pra você, tendo a certeza de que você não vai ler. Não, você não morreu. Mas é como se estivesse morto pra mim. Posso até listar as vezes que chorei incessantemente como em um funeral. Eu sei que isso é pesado demais, até porque você está vivendo a vida, gozando de plena saúde, bem longe dos sete palmos abaixo do chão. Mas é que essa carta vai parar no fundo da gaveta, e vai fazer companhia as tantas outras que já escrevi. Porque no fim das contas, escrevo mesmo é pra mim.
As lembranças que tenho de nós dois ainda estão tão nítidas, como se tudo tivesse acontecido há poucas horas. Minha boa memória me proporciona até o coração saltitando em alguns momentos em que relembro os nossos beijos… Me lembro de me sentir em um filme, novela ou sei lá, quando fugia de casa de madrugada, entrava no seu carro que ficava escondido numa rua atrás da minha, e ia abaixada até chegar em um lugar que não havia ninguém pra nos ver juntos. E a gente ria baixo de todo mundo que pensava ser esperto quando o assunto era nós dois. Eles não entendiam, porque pra eles não fazia sentido. Nós dois.
Mas a gente não precisava de sentido quando bebíamos a cerveja já quente, no carro fechado, ouvindo música boa no celular, porque o mp3 do carro estava estragado. Eu disse tantas vezes que odiava quando você ficava me olhando muito, eu não sabia o que fazer, ou como reagir. Mas hoje, é como se todas as células do meu corpo sentissem falta do seu olhar sobre mim. E isso soa tão bobo… Acho que é por isso que escrevo, pra tirar de mim, de alguma forma, toda essa bobeira. Eu mal consigo ler essa carta em voz alta, porque sei que até aqui, vou soar romântica e idiota demais. Até pro seu gosto, que se bem me lembro, gostava do jeito com que eu dramatizava tudo e soava como uma boba romântica. Hoje sou mais do que isso, de mim saem doses cavalares de romantismo bobo e barato, mais barato do que aquele whisky que você comprou no dia do seu aniversário, e a gente bebeu até cair na praia de noite. A gente sabia do perigo e ignorava isso, como se fosse banal. Sequer éramos mais adolescentes pra tamanha falta de lucidez. Eu nunca tive juízo quando estava com você, porque juízo e você nunca combinaram, nunca se deram bem. Era um ou outro, e a minha escolha sempre foi você. Hoje penso nos riscos que vivi ao burlar todas as regras do aceitável, apenas pra ganhar um abraço seu.
E já que você não vai ler essa carta, eu posso dizer a verdade, que aquela não era eu. Aquela era a garota que eu me tornei pra te fazer acreditar que valia a pena correr riscos, ou que você fez com que eu me tornasse pra acreditar que os mesmos riscos era a parte boa de viver. Mas acabou… Tão rápido e abruptamente quanto começou. E quando consigo uma dose de sensatez, sei que não fomos feitos pra durar. Porque histórias como a nossa só dá certo nos filmes, e me sentir em um, não faz com que minha vida seja uma ficção de fato. 

E tudo bem sofrer pelo que se passou… É melhor do que nunca ter vivido.

Gente linda, preciso da ajuda de vocês, ok? Quero saber de vocês
o que acham das crônicas, se acham muito aleatórias ou se gostam. A opinião de vocês é muitíssimo importante pra mim! Pra isso e pra tudo! E se gostaram, não esqueça de curtir e compartilhar pra me ajudar. Grande beijo, Thai. 😉

Crônicas

Crônica: Vinte e três!

1 de março de 2015

Processed with VSCOcam with b5 presetUma vida. Duas casas. Três anos de namoro. Quatro semanas de blog. Cinco apelidos. Seis filmes pra uma vida. Saudade sete dias da semana. Oito semanas longe da cidade natal. Nove artistas preferidos. Dez amigos do peito. Pelo menos onze fotos por dia. Doze meses pro próximo aniversário. Treze olhadas no celular por hora. Quatorze comidas preferidas. Quinze! Número de sorte. Cara de quem tem Dezesseis. Dezessete caretas. Dezoito mexidas no cabelo. Dezenove posts em mente. Vinte medos pertinentes. Vinte e um sonhos realizáveis. Vinte e dois motivos pra crer em Deus. Vinte e três anos.

Quando me olhei no espelho de manhã, eu não era uma nova pessoa. Mas tinha em um dia, a oportunidade de fazer com que o novo ano concedido, parecesse realmente novo. Longe dos erros passados, e cada vez mais perto de ser uma pessoa melhor. Não tinha alguma marca de expressão nova, mas as mesmas marcas de toda uma vida, ainda estavam dentro do meu coração. Nos ombros não tinha um peso dos vinte e três, mas era como se vinte e três gramas tivessem sido acrescentados na balança da experiência. E quando se para pra pensar, as coisas não mudam de fevereiro pra março como em um passo de mágica, e isso não é novidade pra ninguém. A novidade é que no meio de um dia qualquer do meio do ano, eu não sou mais a mesma pessoa do dia anterior, não penso mais da mesma forma, e sem perceber viro a tal metamorfose ambulante, que prefere isso à ter aquela velha opinião formada sobre tudo.
Os vinte e três estão aí pra isso, pra me trazer a melhora, talvez a mudança, que acontece em um momento não planejado que eu não tenho ideia. Estou completamente preparada para os dias que virão. Estou pronta pros desafios dos vinte e três, e que assim seja, amém.

Thai.

Crônicas

Crônica: Descontrole Remoto.

20 de fevereiro de 2015

crônicaLevanta-se do sofá, um copo d’água, uma olhada pro programa de tv. Olhando para aquelas pessoas, que se expõem por um sonhado prêmio em dinheiro, tendo o seus destinos controlados por pessoas que nem as conhecem de verdade, e que na realidade, não querem conhecer de fato, apenas julgar. Ela continuou olhando, mas parou de ouvir. Tinha essa mania desde criança. Os pais receavam desde cedo que fosse déficit de atenção, mas não. Era escolha dela. Quando não queria mais saber, simplesmente desligava, tão fácil quanto desligar a tv com o controle remoto. No entanto, não precisava nem se mover.
O copo d’água ainda em mãos, pelo meio. Se meio cheio ou meio vazio, não fazia diferença. Não gostava de se julgar otimista, porque simplesmente não era. Mas sabia que acreditava nas coisas de um jeito particular. Por isso, também não era pessimista. E a teoria do meio que se dane! De tudo era atenta quando lhe convinha, mas não ao seu amor como no soneto, até porque o de fidelidade não era seu preferido. Mas não porque era ridículo, até o tinha decorado, mas porque fidelidade era um assunto a se conversar. Mas ela não gostava de falar disso. Em suma, não gostava de falar muito. Gostava mais de trocar olhares, e em dias de inverno, sorrisos. Porque gosta do frio. Porque no fundo era fria, mesmo muitas vezes fazendo-se e fazendo-os esquentar, se sentia o próprio Alasca. Quando leu “Quem é você Alasca?” no título do livro, respondeu mentalmente como se a pergunta pessoalmente lhe coubesse. E então escreveu outro livro em resposta.
Enquanto as pessoas procuravam por ajuda profissional pra desvendar os mistérios de suas mentes confusas, ela gostava de ser assim. Era seu diferencial, mesmo que não revelasse pra ninguém. Em meio ao caos de pensamentos indevidos, ás vezes obscuros, ela se achava, e se acalmava, e se distraía em aulas chatas e viagens de ônibus. Seu caos particular era adorável, mas não ousava compartilhar com ninguém, porque simplesmente não era passível de entendimento. A beleza sempre está nos olhos de quem vê, pensava. E ela achava bonito, porque tal como criadora, amava a sua criatura. Ela se amava, afinal.
Desligaram a tv e ela nem notou, se viu sozinha na sala de estar, com o copo ainda em mãos. Por quanto tempo teria ficado imersa a pensamentos confusos e desconexos? Não importava. Pra sua mente não existia um controle remoto, ou qualquer outro controle. Era remotamente descontrolado, mas tudo bem. Seu caos particular, sempre era o melhor lugar para se estar.

Thai.