Tá tudo bem. É melhor dizer assim, segurando a expressão mais serena que consigo fazer, por uns cinco ou dez minutos, tentando fazer com que a angústia recorrente não transpareça para que você simplesmente se vá sem perceber. Mas você percebe, claro que sim, só finge que não. Mas você prefere falar do tempo, que pro seu azar está completamente nublado, e não é de hoje. Elogia meu cabelo, diz que sempre fiquei melhor de cabelo curto, e tentar me convencer com o olhar de que marcar um chopp pra um dia desses é boa ideia. Você foi o meu melhor parceiro, de copo, de beijo, de cama… E se eu nunca te disse isso em alto e bom som, me desculpa, não é agora que vou dizer. Agora o que a gente realmente precisa é deixar a nossa decisão seguir o curso, o fluxo. Não sei dizer se doeu em você o tanto que doeu em mim, tampouco afirmar se ainda dói um pouco da imensidão que dói em mim, em você. Mas de alguma forma, essa angústia de não te ter por perto sempre que desejo, tá me fazendo crescer. E aí, depois de mentalizar todos os benefícios de ficar sozinha, numa terça feira quase chuvosa, a gente se esbarra e a minha armadura desabada e você me desarma mais uma vez. Me diz se é por querer, me explica se esse sorriso branco e grande é mesmo pra me diminuir, fazer meu coração quase se reduzir a pó de tão apertado. Ao menos tenta colocar em palavras como é essa coisa de sempre fazer com que eu queira voltar atrás… Se ficar mais fácil, desenha. Mas resolve esse problema, me ajuda a me ajudar, e coisa e tal. Você me conhece, sabe como sofro sendo assim, tão ansiosa e sempre morrendo antes de levar o tiro. Então vamos cada um pro seu lado, fingindo que nada demais aconteceu, ignorando o arrepio que me ocorre quando você repousa seus olhos nos meus por segundos que parecem infinitos. Vamos combinar assim… Vai ser melhor.
E só de pensar no trabalho de recomeçar mais um processo de esquecimento desse encontro, me sinto exausta. A gente de despede, enfim. Tantas palavras engasgadas, mas que mesmo ditas não mudariam nada. Não sei dizer com clareza quanto tempo perdemos – ou ganhamos. A chuva não se aguenta e cai, semelhante ao meu corpo que quer desabar em qualquer canto. E no meu rosto, tem água, é lágrima disfarçada de chuva, mas ninguém percebe e ninguém precisa saber. Pelo menos consegui segurar até você ir. Respiro fundo e mentalizo, vai ficar tudo bem. E repito isso, até que fique de fato.
Thai.