Crônicas

Crônica: Descontrole Remoto.

20 de fevereiro de 2015

crônicaLevanta-se do sofá, um copo d’água, uma olhada pro programa de tv. Olhando para aquelas pessoas, que se expõem por um sonhado prêmio em dinheiro, tendo o seus destinos controlados por pessoas que nem as conhecem de verdade, e que na realidade, não querem conhecer de fato, apenas julgar. Ela continuou olhando, mas parou de ouvir. Tinha essa mania desde criança. Os pais receavam desde cedo que fosse déficit de atenção, mas não. Era escolha dela. Quando não queria mais saber, simplesmente desligava, tão fácil quanto desligar a tv com o controle remoto. No entanto, não precisava nem se mover.
O copo d’água ainda em mãos, pelo meio. Se meio cheio ou meio vazio, não fazia diferença. Não gostava de se julgar otimista, porque simplesmente não era. Mas sabia que acreditava nas coisas de um jeito particular. Por isso, também não era pessimista. E a teoria do meio que se dane! De tudo era atenta quando lhe convinha, mas não ao seu amor como no soneto, até porque o de fidelidade não era seu preferido. Mas não porque era ridículo, até o tinha decorado, mas porque fidelidade era um assunto a se conversar. Mas ela não gostava de falar disso. Em suma, não gostava de falar muito. Gostava mais de trocar olhares, e em dias de inverno, sorrisos. Porque gosta do frio. Porque no fundo era fria, mesmo muitas vezes fazendo-se e fazendo-os esquentar, se sentia o próprio Alasca. Quando leu “Quem é você Alasca?” no título do livro, respondeu mentalmente como se a pergunta pessoalmente lhe coubesse. E então escreveu outro livro em resposta.
Enquanto as pessoas procuravam por ajuda profissional pra desvendar os mistérios de suas mentes confusas, ela gostava de ser assim. Era seu diferencial, mesmo que não revelasse pra ninguém. Em meio ao caos de pensamentos indevidos, ás vezes obscuros, ela se achava, e se acalmava, e se distraía em aulas chatas e viagens de ônibus. Seu caos particular era adorável, mas não ousava compartilhar com ninguém, porque simplesmente não era passível de entendimento. A beleza sempre está nos olhos de quem vê, pensava. E ela achava bonito, porque tal como criadora, amava a sua criatura. Ela se amava, afinal.
Desligaram a tv e ela nem notou, se viu sozinha na sala de estar, com o copo ainda em mãos. Por quanto tempo teria ficado imersa a pensamentos confusos e desconexos? Não importava. Pra sua mente não existia um controle remoto, ou qualquer outro controle. Era remotamente descontrolado, mas tudo bem. Seu caos particular, sempre era o melhor lugar para se estar.

Thai.

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4 Comentários

  • Reply Joice 20 de fevereiro de 2015 at 2:31 pm

    Lindo, adorei!!!

    Queria saber escrever pelo menos metade disso hahaha

    Beijos

    • Reply Thai 20 de fevereiro de 2015 at 10:03 pm

      Obrigada Joice, fico feliz que tenha gostado!
      Beeeeijo!

  • Reply Elen Monteiro 20 de fevereiro de 2015 at 12:28 pm

    E mais uma vez eu amo o texto [palmas]
    Lindo demais!!

    • Reply Thai 20 de fevereiro de 2015 at 10:02 pm

      Obrigada Elen, valeu pela visita! 😉
      Beijoca!

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