Eu não sei descrever o sentimento que tenho ao escrever uma carta pra você, tendo a certeza de que você não vai ler. Não, você não morreu. Mas é como se estivesse morto pra mim. Posso até listar as vezes que chorei incessantemente como em um funeral. Eu sei que isso é pesado demais, até porque você está vivendo a vida, gozando de plena saúde, bem longe dos sete palmos abaixo do chão. Mas é que essa carta vai parar no fundo da gaveta, e vai fazer companhia as tantas outras que já escrevi. Porque no fim das contas, escrevo mesmo é pra mim.
As lembranças que tenho de nós dois ainda estão tão nítidas, como se tudo tivesse acontecido há poucas horas. Minha boa memória me proporciona até o coração saltitando em alguns momentos em que relembro os nossos beijos… Me lembro de me sentir em um filme, novela ou sei lá, quando fugia de casa de madrugada, entrava no seu carro que ficava escondido numa rua atrás da minha, e ia abaixada até chegar em um lugar que não havia ninguém pra nos ver juntos. E a gente ria baixo de todo mundo que pensava ser esperto quando o assunto era nós dois. Eles não entendiam, porque pra eles não fazia sentido. Nós dois.
Mas a gente não precisava de sentido quando bebíamos a cerveja já quente, no carro fechado, ouvindo música boa no celular, porque o mp3 do carro estava estragado. Eu disse tantas vezes que odiava quando você ficava me olhando muito, eu não sabia o que fazer, ou como reagir. Mas hoje, é como se todas as células do meu corpo sentissem falta do seu olhar sobre mim. E isso soa tão bobo… Acho que é por isso que escrevo, pra tirar de mim, de alguma forma, toda essa bobeira. Eu mal consigo ler essa carta em voz alta, porque sei que até aqui, vou soar romântica e idiota demais. Até pro seu gosto, que se bem me lembro, gostava do jeito com que eu dramatizava tudo e soava como uma boba romântica. Hoje sou mais do que isso, de mim saem doses cavalares de romantismo bobo e barato, mais barato do que aquele whisky que você comprou no dia do seu aniversário, e a gente bebeu até cair na praia de noite. A gente sabia do perigo e ignorava isso, como se fosse banal. Sequer éramos mais adolescentes pra tamanha falta de lucidez. Eu nunca tive juízo quando estava com você, porque juízo e você nunca combinaram, nunca se deram bem. Era um ou outro, e a minha escolha sempre foi você. Hoje penso nos riscos que vivi ao burlar todas as regras do aceitável, apenas pra ganhar um abraço seu.
E já que você não vai ler essa carta, eu posso dizer a verdade, que aquela não era eu. Aquela era a garota que eu me tornei pra te fazer acreditar que valia a pena correr riscos, ou que você fez com que eu me tornasse pra acreditar que os mesmos riscos era a parte boa de viver. Mas acabou… Tão rápido e abruptamente quanto começou. E quando consigo uma dose de sensatez, sei que não fomos feitos pra durar. Porque histórias como a nossa só dá certo nos filmes, e me sentir em um, não faz com que minha vida seja uma ficção de fato.
E tudo bem sofrer pelo que se passou… É melhor do que nunca ter vivido.
Gente linda, preciso da ajuda de vocês, ok? Quero saber de vocês
o que acham das crônicas, se acham muito aleatórias ou se gostam. A opinião de vocês é muitíssimo importante pra mim! Pra isso e pra tudo! E se gostaram, não esqueça de curtir e compartilhar pra me ajudar. Grande beijo, Thai. 😉
2 Comentários
Lindo lindo lindo!
Como sempre você me prende com suas palavras, Thai. Eu gosto muito quando escreve “aleatoriamente”. Sucesso sempre, gatona! 😉
Que bom ler isso Isa e saber que o que escrevi não foi em vão, e tem gente que gosta.
Muito obrigada, volte sempre! Beijinho!